Feminismo em foco
As Ganhadeiras de Itapuã eram escravas que, nos séculos XVIII e XIX, realizavam atividades remuneradas e, lavando roupa à beira da Lagoa do Abaeté ou vendendo quitutes, juntavam dinheiro para alforriar seus companheiros e outras mulheres.
Foi um carnaval para tratar também de sororidade e empoderamento feminino, numa homenagem ainda ao grupo musical As Ganhadeiras de Itapuã, que participou em vários momentos da apresentação da vermelho e branco.
Bem diferente de outros desfiles com temática ligada à Bahia, o visual foi luxuoso e sofisticado, com toques de modernidade dos jovens carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. Os dois são casados e trabalhavam juntos pela primeira vez. Marcus estreou este ano no Grupo Especial, e Tarcísio só tinha uma passagem pela elite da folia.
O dourado reduziu no abre-alas. E, na comissão de frente, uma “sereia” surgia num aquário com milhares de litros d’água. A grande preocupação da comunidade da Viradouro era com o quesito alegorias e adereços, depois de uma malha de LED do último carro ter apagado na Avenida. De fato, foi o quesito em que a escola perdeu mais pontos, três décimos no total.
A vitória dramática gerou uma grande comoção entre os torcedores que lotaram a quadra do Barreto, em Niterói. No início da leitura das notas do último quesito, ritmistas começaram a armar a bateria no palco, e integrantes se abraçaram em meio a lágrimas e sorrisos.
A última e única vez que a Viradouro tinha sido campeã foi em 1997, com Joãozinho Trinta. A escola passou anos na Série A e só voltou ao Grupo Especial em 2019, quando tinha sido vice-campeã. A vitoriosa de 2019 tinha sido a Mangueira.
A apuração refletiu o equilíbrio deste carnaval. No primeiro quesito, fantasias, apenas o Salgueiro conseguiu as cinco notas 10. Com os descartes, Beija-Flor, Viradouro e Grande Rio também mantiveram a pontuação máxima. Em samba-enredo, a vermelho e branco da Tijuca caiu da liderança, deixando as outras três concorrentes na ponta. A leitura das avaliações das comissões de frente, a Viradouro perdeu um décimo, e Beija-Flor e Grande Rio arrancaram na frente.
O quarto quesito foi enredo, e a Grande Rio se isolou, com as agremiações de Nilópolis e Niterói um décimo atrás. Em alegorias e adereços, a tricolor de Duque de Caxias perdeu um décimo, mas manteve o primeiro lugar, com a Mocidade Independente na segunda colocação. Em bateria, a mudanças ocorreram apenas na vice-liderança, com a Beija-Flor à frente de Viradouro e Mocidade. Em mestre-sala e porta-bandeira, a Grande Rio ainda era a campeã, seguida por Beija-Flor, Viradouro, Salgueiro e Mocidade. No penúltimo quesito, harmonia, é que a Viradouro virou o jogo, assumindo a liderança após Grande Rio e Beija-Flor perderem décimos preciosos. A decisão final veio em evolução.