O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih Nacional), Manoel Linhares, disse nesta quinta-feira que os hotéis, resorts e pousadas de todo o país registaram cancelamentos ou adiamento de 90% das reservas até junho por conta do novo coronavírus. Ele pediu socorro de mais de R$ 1 bilhão do governo.
O presidente da Abih Nacional explica que as reservas relacionadas ao turismo foram canceladas ou adiadas por conta do novo coronavírus. Da mesma forma, viagens a trabalho deixaram de ser feitas – executivos estão utilizando webconferência para reuniões. Feiras e grandes eventos também foram postergados.
Segundo Linhares, a maior preocupação no momento é com a folha de pessoas. Ele afirma que o setor tem 380 mil funcionários diretos e que apenas 10% desse quadro serão necessários para a manutenção da maior parte dos estabelecimentos nos próximos meses. São 30 mil hospedagens (hotéis, resorts e pousadas).
O levantamento foi realizado pela Abih Nacional com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb) e a Resorts Brasil.
“Nossa preocupação é evitar as demissões, porque sem apoio do governo elas não poderão ser evitadas”, explicou Linhares, que se queixou da falta de medidas para o setor no anúncio realizado na quarta-feira pelo governo. “Ajudou as companhias aéreas, que cortaram mais de 50% dos voos domésticos. Faltou olhar toda a cadeia.”
Na proposta enviada ao governo, o setor compromete-se a arcar com 100% dos salários de 10% dos 380 mil funcionários, que seria o contingente necessários para a manutenção dos estabelecimentos. Os 342 mil funcionários restantes não seriam demitidos, mas ficariam em casa com salário pago pelo governo (70% da folha) e o setor (30%).
“A parte do governo seria via seguro desemprego, no valor de até R$ 1.450. Durante três meses, que é o período que estamos pedindo, isso significaria um custo de R$ 1,041 bilhão”, disse Linhares, que vive a expectativa de uma posição do governo federal sobre o tema ainda nesta quinta-feira.
O setor também demanda uma linha de crédito do governo, para capital de giro. Essa linha, ele explica, não seria as atuais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), mas algo de imediato. “Já tem hotéis com mais de 1 mil funcionários fechando por tempo indeterminado”, explicou.
Do Valor Econômico