Heranças dos colonizadores italianos são forte atrativo para visitantes. Centro Histórico exibe 48 casas do final do século XIX e início do século XX preservados e protegidas. Município tem como desenvolver Ecoturismo, Enoturismo, Turismo Cultural, Turismo de Aventura, Turismo de Eventos, Turismo de Gastronomia e outros mais.
Cidade de Antônio Prado: no início, paraíso dos Caingangues
Um enorme e contínuo manto, apresentando cor verde escura, formado por imensa floresta criada, desenvolvida e mantida pela Natureza ao longo de milênios, cobria os cerca de 400 quilômetros quadrados da área na qual hoje está localizado do Município de Antônio Prado.
Aquele espaço quase infinito era território sagrado dos nativos da etnia Caingangue — os portugueses os chamavam Coroado — fixados naquelas paragens montanhosas desde tempos imemoriais, percorrendo os terrenos cruzando trilhas marcadas e conhecidas apenas por eles.
Eles chamavam estes caminhos de “peabiru”. Na língua Tupi, “pe” é caminho; e “abiru”, grama ou gramado amassado. Eram picadas feitas apenas com o pisar ao solo, durante séculos, usadas pelos nativos sul-americanos muito antes da chegada dos homens brancos.
A principal delas, batizada pelos europeus como “Caminho de Peabiru” — a redundância vem devido ao desconhecimento do idioma —, constituía-se numa via unindo o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, vencendo, inclusive, as altitudes e os climas da Cordilheira dos Andes.
Mudando a posição das aldeias de tempos em tempos, praticando uma agricultura rudimentar, complementavam a alimentação pescando pelos muitos rios, caçando animais e aves e com a coleta de frutos, principalmente pinhão — presente generoso de infinitos pés de Araucárias.
Cidade de Antônio Prado: homem branco não atravessava Serras Gaúchas
Desde sua chegada à América do Sul, em 1500, o homem branco praticamente evitava cruzar o maciço de penhascos hoje conhecido como Serras Gaúchas, região de montanhas situada a Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, forte ícone na atração de turistas de todo o planeta.
Até mesmo bandeirantes paulistas — em especial, um dos mais corajosos, Antônio Raposo Tavares, o Velho, grande responsável por expandir domínios portugueses para a atual região Sul do Brasil, sem respeitar os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas — não ousaram.
Essa realidade começa a mudar a partir de 1633, com o padre Francisco Ximenes tornando-se o primeiro descendente de europeus a desbravar, fazer levantamentos e mapear as posições de campos, cânions, escarpas e cursos d’água, acidentes geográficos presentes com abundância.
Daí em diante, a situação começa a mudar completamente de figura. Grupos de caçadores de índios arriscavam-se interior adentro, buscando cativos para trabalhar nas fazendas de todo o entorno. Estes, sem defesa frente ao armamento dos invasores, fugiam para outras paragens.
Aos poucos, ao longo de dois séculos de perseguições, o território foi desabitado. Assim, os fazendeiros das proximidades, tomaram coragem de ocupar áreas limítrofes. Em espaços mais planos, substituíam as florestas por pasto para a criação de gado de corte e algumas lavouras.
Cidade de Antônio Prado: cruzada por poloneses, russos e suecos
Os primeiros imigrantes europeus a deixarem algumas marcas por ali foram poloneses, russos e suecos. Em 1880, cruzaram às florestas, abrindo picadas à base de facão, deslocando-se em direção ao Norte do hoje Estado do Rio Grande do Sul, região denominada por Alto Uruguai.
No mesmo ano, chegou o primeiro a se estabelecer naquele interior: Simão David de Oliveira. Vindo a pé da Província de São Paulo, cruzando o atual Município de Vacaria, prosseguiu até encontrar um lugar aprazível, no qual pudesse construir seu rancho para, depois, prosperar.
Costeando o Rio Vieira, desceu até o Arroio do Tigre. Próximo à foz do Rio Leão, deparou com um trecho bem plano, à margem direita do Rio das Antas. Não pensou duas vezes para ali fixar residência e constituir família, exemplo seguido por outros desbravadores como ele.
Cidade de Antônio Prado: esforço de embranquecimento da população
No princípio de 1886, a propriedade de Simão David de Oliveira foi cortada por uma picada — posteriormente batizada de Passo do Simão, em homenagem a ele. Ela foi aberta para dar acesso a mais uma colônia de imigrantes, esses italianos, sendo instalada nas proximidades.
No ano anterior, 1885, seguindo sua política de embranquecimento da população do Brasil, o Governo de dom Pedro II decidiu trazer nova leva de europeus para ocupar áreas à margem direita do Rio das Antas — solução essa já adotada, com sucesso, em outros pontos do País.
A criação do novo núcleo colonial está atestada por documento datado de 29 de abril daquele ano. Mas o projeto para dar início à demarcação daquelas terras é posterior. Foi assinado em 14 de maio de 1886, data tida como marco oficial da fundação da Cidade de Antônio Prado,
Cidade de Antônio Prado: colonos enfrentam dificuldades na chegada
Foi a sexta colônia implantada no Estado do Rio Grande do Sul — e acabou sendo a última do Governo Imperial, findo em 15 de novembro de 1889. Concluído os processos legais, foram destinados recursos para a abertura de estradas, montagem de balsas, medição dos lotes etc.
Os valores também serviam para pagar o transporte dos colonos chegados no litoral até lá e a preparação de barracões nos quais, de início, ficaram abrigados. Só deixariam o local após a posse dos lotes, derrubada das árvores, início dos plantios e construção das próprias moradias.
Como os chegados, em geral, eram muito pobres, enfrentaram grandes dificuldades nos seus primeiros momentos. O auxílio fornecido pelas autoridades, mínimo, escasso, não atendia as necessidades de gente lutando contra relevos acidentados, matas virgens, doenças variadas…
Cidade de Antônio Prado: colônia foi iniciada sem denominação oficial
O novo empreendimento passou a acolher também migração de colonos já vivendo no País. Por motivos diversos, deixavam colônias já instaladas, deslocando-se para novos espaços. Vinham, principalmente, da região de Campo dos Bugres, agora Município de Caxias do Sul.
A ocupação foi iniciada sem ter sido batizada com uma denominação oficial. Documentos atestando depoimentos de recém-chegados e de seus primeiros descendentes revelam os moradores chamando-a, informalmente, de Paese Nuovo — Cidade Nova, em Português.
Aqui, um detalhe: na língua italiana, Paese, com letra maiúscula, significa país; minúscula, cidade. Apesar dessa regra, é melhor deixar como cidade, pois eles estavam envolvidos com a construção de um pequeno centro urbano, capaz de atender suas necessidades mais básicas.
Logo a seguir, criaram outro apelido: Bel Paese, a Bela Cidade, pela beleza do local, tendo a simpatia tanto dos seus moradores quanto dos vizinhos próximos. Crescendo em uma área plana, permitindo ruas largas e retas, logo, transformou-se em importante centro de comércio.
Cidade de Antônio Prado: homenagem ao ministro de dom Pedro II
Devido à falta de um nome específico para ser citado nos documentos oficias, o engenheiro-chefe da Comissão de Medição de Lotes, Manoel Barata Góis, fez sugestão, na qual seguia também solicitação, para batizá-la como Colônia Antônio Prado, sendo aceita de imediato.
Ele homenageava Antônio da Silva Prado, fazendeiro paulista e ministro da Agricultura da época. Foi um dos maiores responsável por promover a vinda de imigrantes europeus para o Brasil, distribuindo-os pelos Estados do Sul do País e também no Estado do Espírito Santo.
Em relação à terra capixaba, curiosidade interessante. O atual Município de Colatina nasceu, também, de projeto de ocupação centrado no hoje Distrito de Boapaba, às margens do Rio Santa Maria do Doce. Ele também foi chamado, nos primórdios, de Colônia Antônio Prado.
Cidade de Antônio Prado: anexação da colônia ao Município de Vacaria
Em 1890, com novas setorizações territoriais implantadas após a Proclamação da República, a Colônia de Antônio Prado foi transformada em Distrito e anexada ao Município de Vacaria. Mas essa submissão política e administrativa vigorou pouco tempo — menos de uma década.
Importantes acontecimentos políticos grassando pelo País, como fim da Monarquia, em 1899, e Revolução Federalista, entre 1893 e 1895, justamente no Estado do Rio Grande do Sul, não interferiram no estabelecimento de imigrantes nos espaços livres à margem do Rio das Antas.
Contribui para isso o isolamento da colônia recém-fundada, protegida por paredões rochosos, sem ligação por rios devidos às inúmeras quedas d’água, servida apenas por picadas cruzadas por andarilhos e animais puxando carroças e totalmente desprovida de recursos financeiros.
Cidade de Antônio Prado: emancipação em 11 de fevereiro de 1899
Sem noção das agitações políticas abalando a Nação, Inspetorias de Terras e Comissões de Medição de Lotes, as mais de mil famílias de colonizadores ali já vivendo cuidavam mesmo é do dia-a-dia, indo além da agricultura de subsistência e já produzindo para comercialização.
Isso foi fundamental para agilizar o crescimento econômico, justificando sua emancipação, conferida pelo presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Antônio Augusto Borges de Medeiros, em 11 de fevereiro de 1899. Nascia, em definitivo, o Município de Antônio Prado.
Lastreado na inventividade dos pioneiros, capacidade de trabalho do seu povo e resilência dos empreendedores, o ritmo de avanço econômico foi mantido até meados do século XX, anos 1900, quando dois fatores levaram a um isolamento parcial daquele pedaço de terra gaúcha.
Ambos têm a ver com modificações viárias na região. Primeiro, o encerramento do serviço de balsas para cruzar o Rio das Antas, no Passo do Simão. O trânsito foi para a Ponte do Korf, inaugurada em 1907, reduzindo a circulação de veículos pelo Município de Antônio Prado.
E, a partir do início dos anos 1930, a abertura da rodovia BR-116, unindo extremos Sul e Norte do Brasil. Ela vai do Município de Jaguarão, no Estado do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai, à Cidade de Fortaleza, a capital do Estado do Ceará, no Nordeste Brasileiro.
Cidade de Antônio Prado: isolamento, de negativo, passa a positivo
O distanciamento durou décadas, prejudicando agricultura, comércio, indústria, serviços e até mesmo a educação, provocando êxodos rural e urbano. Muitos jovens, sem perspectivas de emprego e crescimento, partiam, buscando uma melhor formação e bem mais oportunidades.
Entretanto, o negativo tornou-se positivo, gerando uma riqueza sem igual para a Cidade de Antônio Prado. A decadência econômica criou ali uma espécie de cápsula na qual o tempo dava a impressão de passar mais vagarosamente, mesmo ante a correria crescendo no mundo.
Com o crescimento populacional praticamente estagnado, as propriedades na área urbana perderam valor, desestimulando novos investimentos, travando, por exemplo, a indústria da construção civil. Como ninguém buscava por novas moradias, nada de novo era construído.
Cidade de Antônio Prado: Centro Histórico com 48 imóveis preservados
Sem procura por novos imóveis, os existentes mantinham-se ocupados e usados pelos seus proprietários — os poucos vendidos seguiam a mesma cartilha. Isso levou à preservação de grande quantidade de casas, todas erguidas entre final do século XIX e início do século XX.
São 48, reunidas no Centro Histórico, exibindo alicerces de pedras e estrutura em madeira; poucas, mais modernas, são em alvenaria. Agrupadas, formam o maior conjunto arquitetônico originário da colonização italiana do Brasil — e atrativo de Turismo sem similar no mundo.
Além delas, há outra boa quantidade de imóveis espalhados pela Zona Rural do Município de Antônio Prado com iguais características, enriquecendo ainda mais esse acervo capaz de, por si só, tornar-se indutor de forte aproveitamento econômico sustentável para futuras gerações.
Cidade de Antônio Prado: conjunto tombado como patrimônio nacional
A importância daquele sítio foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Iphan durante a década de 1970. No mesmo documento, a instituição solicitava ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul providências para salvaguardar tamanha riqueza.
Isso não ocorreu de imediato, preocupando lideranças ligadas à Cultura, História e Memória locais, estaduais e nacionais. Após muitas idas e vindas, em 1983, surgiu um projeto visando aquela meta e formado grupo de pesquisadores para dar melhores fundamentos aos objetivos.
Depois de estudar e caracterizar cerca de 30 núcleos relacionados às imigrações alemã e italiana no Estado do Rio Grande do Sul, definiram o da Cidade de Antônio Prado como o de maior expressão e mais bem preservado, devendo merecer tratamento de maior prioridade.
Cidade de Antônio Prado: heranças dos imigrantes voltam a ser valorizadas
Naquela época, o Patrimônio Colonial material não era valorizado pela população, e muito já havia sido degradado, destruído, perdido. O descaso se repetia com o imaterial, representado por costumes, hábitos, religiosidade e saberes, todos caindo aceleradamente no esquecimento.
Um, em especial, era o linguístico, representado pelo dialeto Talian. A pesquisa revelou um dado alarmante e outro promissor. Apesar de vir sofrendo desvalorização pelos mais jovens, ainda era falado fluentemente por cerca de 90% dos habitantes com mais de 30 anos de idade.
A situação começa a mudar quando o proprietário da Casa da Neni, das mais emblemáticas do Centro Histórico da Cidade de Antônio Prado, solicita o tombamento do imóvel. O fato teve repercussão positiva entre os interessados pela preservação das outras 47 casas sobreviventes.
Cidade de Antônio Prado: Centro Histórico e cinturão verde protegidos
Entretanto, foi preciso trabalho para convencer muitos outros donos, pois acreditavam ter seus interesses prejudicados. A vitória chegou em 1987: o Iphan, além de tombar todo o conjunto, transformou a bela área verde ao redor do Centro Histórico como de preservação permanente.
Logo após, o Instituto montou uma exposição do Paço Imperial, na Cidade do Rio de Janeiro, a capital do Estado do Rio de Janeiro, objetivando divulgar e valorizar o acervo. Em meio a painéis com fotos e textos explicativos, fez muito sucesso uma maquete do Centro Histórico.
De lá para cá, com realização de ações e atividades de resgate da memória, recuperação de documentos históricos, resgate de tradições quase esquecidas e valorização do dialeto Talian, a população passou a se orgulhar de conviver com a beleza representada no Centro Histórico.
Cidade de Antônio Prado: fama mundial, como cenário de O Quatrilho
Ajudou muito o local ter sido escolhido como cenário de partes do filme O Quatrilho, no ano de 1995. Tendo as atrizes Glória Pires e Patrícia Pillar nos principais papéis femininos, e soba a direção de Fábio Barreto, o trabalho acabou indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Outra satisfação para os envolvidos na valorização da história da colonização do Município de Antônio Prado foi a transformação do dialeto Talian como segunda língua local, passando a ser ensinada nas escolas do ensino fundamental. Isso ocorrem em 28 de setembro de 2016.
Distante 180 quilômetros, ao Norte, da Cidade de Porto Alegre, a capital do Estado do Rio Grande do Sul está próxima de fortes competidoras na atração de visitantes, como a Cidade de Flores da Cunha, Cidade de Bento Gonçalves, Cidade de Canela e, claro, Cidade de Gramado.
Mas não precisa temer a competição com qualquer delas, pois tem diferenciais únicos em termos de facilidade de acesso, paisagens deslumbrantes por toda a Zona Rural, heranças históricas inigualáveis e, sem sombra de dúvida, um povo destacando-se pela hospitalidade.
Tem tudo para avançar em segmentos como Ecoturismo, Enoturismo, Turismo Cultural, Turismo de Aventura, Turismo de Eventos, Turismo de Gastronomia, Turismo de Lazer, Turismo de Negócios, Turismo Histórico, Turismo da Melhor Idade e muitos outros mais.
Cidade de Antônio Prado: mais riquezas do patrimônio histórico
O post “Cidade de Antônio Prado tem tudo para competir em Turismo na Serra Gaúcha” foi produzido por João Zuccaratto, jornalista especializado em Turismo baseado na Cidade de Vitória, a capital do Estado do Espírito Santo, com apoio da montadora de ônibus Marcopolo, na Cidade de Caxias do Sul, e do historiador e pesquisador Fernando Roveda, na sua Cidade de Antônio Prado.
O post “Cidade de Antônio Prado tem tudo para competir em Turismo na Serra Gaúcha” nasceu de indicação do entusiasta da recuperação e manutenção da memória da imigração italiana em todo o Brasil, João Otávio de Carli, esforço traduzido na suas contribuições para três entidades relacionadas a este tema: ele é presidente do Circolo Veronesi nel Mondo dell’Espírito Santo — Cives; vice-presidente do Instituto Casa d’Italia do Espírito Santo; e, Conselheiro do Comitato degli Italiani all’Estero no Estado do Rio de Janeiro e Estado do Espírito Santo — Comites RJ & ES.
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No post “Cidade de Antônio Prado tem tudo para competir em Turismo na Serra Gaúcha”, a repetição de algumas expressões, como “Cidade de Antônio Prado”, é intencional. Elas são as principais palavras-chave dos conteúdos. Colocá-las várias vezes na postagem faz parte das técnicas de Search Engine Optimization — SEO, ou otimização para ferramentas de busca. Ajuda a destacar o trabalho na lista apresentada quando se pesquisa com Bing, Google ou Yahoo!.
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