Como forma de combate ao novo coronavírus (covid-19), o Governo de Pernambuco decretou nesta quinta-feira (16) quarentena em Fernando de Noronha. Entre os dias 20 e 30 de abril, moradores da ilha só poderão deixar suas casas para adquirir produtos essenciais e para obterem atendimento médico. Nesse período, equipes do Ministério da Saúde (MS) e da Secretaria Estadual de Saúde (SES) farão estudo epidemiológico dos infectados com a covid-19. De acordo com o último boletim divulgado pelo Estado, 24 pessoas tiveram diagnóstico confirmado para a doença na ilha até o momento. Todas estão em isolamento domiciliar.
De acordo com o administrador de Fernando de Noronha, Guilherme Rocha, com o decreto, a recomendação de isolamento ganha força de ordem. “As pessoas serão obrigadas a ficarem em casa. Vamos fazer isso pelo bem da comunidade e para que se salve cada vez mais vidas. A gente está fazendo algo sério e o decreto vem como corroboração do que vinha sendo dito aqui.”
Segundo Guilherme Rocha, os moradores receberão em seus celulares um SMS com um link para um formulário, que deverá ser preenchido caso seja necessário deixar a residência. Assim, quem precisar utilizar serviços como bancos, mercados, farmácias ou se locomover até uma unidade de saúde precisará solicitar permissão à administração da ilha. “A pessoa informará nome, documento, motivo, data e hora, para que seja emitida uma autorização e ela possa se locomover naquele dia e horário.” O morador precisará apresentar a autorização, impressa ou através do celular, caso seja abordado pela autoridade policial. “É isso que vem acontecendo em outros países, como Itália, Espanha e França”, assinalou o administrador.
No próximo sábado (18), uma equipe multissetorial formada por profissionais do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde deve chegar à ilha para realizar estudos epidemiológicos. “Serão quatro pessoas, duas delas técnicas da secretaria nacional de vigilância e dois técnicas sanitaristas da SES, para realizar uma análise mais rigorosa da propagação do vírus. Isso não é feito em lugar nenhum do Brasil”, afirma Guilherme Rocha.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, André Longo, a medida é necessária pelas características de isolamento da ilha. “Fernando de Noronha requer uma atenção especial por causa da dificuldade de acesso e da limitação de recursos de saúde existentes no local. Estamos enviando uma equipe com seis sanitaristas, com o apoio do Ministério da Saúde para um estudo epidemiológico completo do caso”, concluiu André Longo.
Jornalista de formação, Karla Oliveira é funcionária do aeroporto de Fernando de Noronha. “Desde que o aeroporto foi fechado, no dia 21 de março, a gente percebeu que a quarentena ficou mais forte no arquipélago. Hoje em dia só entram na ilha servidores públicos estaduais e federais, para atuar no combate à covid. Com o comércio fechado e abertura apenas dos serviços essenciais, percebi que as pessoas passaram a ficar mais dentro de suas casas, mas muitos moradores ainda saíam para caminhar na BR-363. Acredito que com o decreto vá diminuir ainda mais o número de pessoas nas ruas”, afirmou a moradora. Karla chegou a ter sintomas de gripe e ser testada para a covid, com resultado negativo.
A Administração de Fernando de Noronha irá apoiar a população com a distribuição de cestas básicas e vale-gás e água mineral no valor de R$ 200, pagos já a partir da próxima semana.“Estamos empenhados em prestar todo o apoio à população e dar condições para que elas possam ficar em casa com as necessidades básicas garantidas”, afirmou o administrador da ilha.