Mona Lisa Dourado
Como já era esperado, diante da escalada da pandemia do novo coronavírus e das determinações de isolamento social, os hotéis de Pernambuco, de uma ponta a outra do Litoral, já começaram a fechar as portas.
Em Recife e no Litoral Sul, Atlante Plaza, Summerville, Vivá, Kembali e Armação já oficializaram nesta quarta (25) nas suas respectivas redes sociais a suspensão das atividades. Em nota, a Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas (AHPG) diz que alguns estabelecimentos preveem a retomada das operações entre os meses de abril e maio, enquanto outros só retornarão na metade do ano.
No Litoral Norte, propriedades de maior porte, como o Amoaras Resort, em Maria Farinha, e a Pousada Luar, em Igarassu, também já encerraram as atividades até que o cenário se estabilize.
Como a hotelaria é a principal âncora nos destinos turísticos, a maior preocupação agora é com a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva do turismo, que somente em Porto de Galinhas envolve 400 bugueiros, quase 360 taxistas, 120 jangadeiros, 1,5 mil vendedores de praia e 120 restaurantes.
Atualmente, Porto conta com 16 grandes hotéis e 230 pousadas. Os que permanecem abertos, com ocupação entre 5% e 10%, aguardam apenas a saída dos últimos hóspedes. Estima-se que a atividade empregue formalmente 25 mil trabalhadores, mas até 40 mil pessoas dependem direta ou indiretamente do turismo na região.
Segundo o Porto de Galinhas Convention & Visit Bureau (PGC&VB), uma média de 100 mil turistas por mês frequentam o destino, com permanência média de sete noites e gasto médio de R$ 465 por dia. A paralisação dos hotéis por 90 dias, portanto, significaria uma frustração de receita de R$ 976 milhões.
“Nunca na história da hotelaria em Porto de Galinhas vivemos uma situação como esta. Já passamos por diversas retenções econômicas, mas nunca tivemos o fechamento total de todos os hotéis do balneário. Sem dúvidas, todos nós precisamos de ajuda”, afirma o presidente do PGC&VB, Eduardo Tiburtius, um dos proprietários do Hotel Village Porto.
No Estado, o turismo faturou R$ 9,5 bilhões no ano passado, segundo dados da Empetur e Secretaria estadual de Turismo, Lazer e Esportes. Para este ano, o impacto total ainda é imensurável.
Diante das incertezas, a maioria dos empresários tem optado por conceder férias coletivas aos funcionários. “Essa é a reação imediata, mas se a situação permanece, teremos que demitir”, diz Massimo Pelitteri, sócio dos hotéis Kembali e Armação, que empregam 260 colaboradores. Sem a crise, diz, o empresário, a expectativa era ter ocupação de 70% em março e recuperar os prejuízos de 2019, que somou saída da Avianca do mercado, retração na Argentina e derramamento de óleo.
Litoral norte
No Litoral Norte, onde o turismo é menos pujante, o cenário se mostra ainda mais dramático.
“Precisamos de pelo menos 40% de ocupação para equilibrar as contas. Sem receita, é prejuízo total. E além da folha de quase 50 funcionários, ainda temos compromissos assumidos com fornecedores”, conta o gestor do Amoaras Resort, José Luiz dos Santos.
“Mesmo que se resolva no curto prazo, não haverá pessoas interessadas em viajar tão cedo”, vaticina.
Apesar dos prejuízos econômicos, questionados pela coluna, os empresários reafirmaram a necessidade do isolamento social. Nenhum defendeu a retomada da atividade enquanto os riscos de transmissão da covid-19 não forem controlados.
Demandas ao governo
O secretário estadual de Finanças, Décio Padilha, pediu 10 dias de prazo para dar uma resposta aos pleitos. Já a Prefeitura de Ipojuca diz, por meio de nota, que “a previsão é que até a primeira quinzena de abril se tenha algum parâmetro para analisar estratégias para o setor hoteleiro”.