Texto: Henrique Bóis
Fotos: Charlles Eduardo
As fontes, que ainda estão presentes no século XXI em São Luís, foram construídas entre os séculos XVII e XIX. Estão espalhadas pela região do denominado centro histórico da cidade, desde seu início.
No período colonial, além do atendimento ao abastecimento urbano, as águas destas fontes eram destinadas às embarcações. Funcionavam também como elementos catalizadores do convívio social. Era destas fontes que o serviço público se valia para tocar obras. O setor privado também se utilizavam para construções e outras demandas.
Foram as boas nascentes que ensejaram a construção de todas estas fontes de caráter público.
A população recorria a poços, ribeiras, igarapés para buscar água para o consumo. Eram os “aguadeiros” que transportavam até a porta das casas ou locais de necessidade do produto. Segundo historiadores primeiros eram os índios, mas tarde substituídos pelos escravos de robustez comprovada. Em pipas e barris, a água era transportada no ombro ou em carros de tração animal. As carroças cortavam a cidade durante dia e noite.
O crescimento da população fez com que as fontes fossem abertas sucessivamente em escala histórica. Primeiro veio a Fonte das Pedras (1641) em seguida, do Bispo (1679), Olinda (1723), Telha (1774), Salina (1793), Mamoim (1795), Ribeirão (1796), Açougue (1809), Apicum (1827) e Marajá (1828).
Apenas duas dessas ainda se encontram em situação de origem: Fonte do Ribeirão e Fonte das Pedras. São tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: Ribeirão (1950) e Pedras (1963).
Fonte das Pedras
Foi a primeira fonte da ilha de São Luís. Jerônimo de Albuquerque, como capitão da conquista e descobrimento das terras do Maranhão, obedecendo ordem de Alexandre de Moura, acampou no local com suas tropas portuguesas. Dali planejou sua estratégia de guerra contras os franceses comandado por Daniel de La Toucher, o senhor de La Ravardière.
A história descreve que a região era dominada por um manguezal com um córrego que jorrava água todo tempo. As embarcações que fundeavam no Portinho, recorriam à fonte para se abastecer. Assim fizeram os Holandeses quando tentaram invadir a ilha entre 1641 e 1643. A canalização das águas deste córrego fazia parte da estratégia de conquista dos flamengos.
Foi o padre jesuíta José de Moraes que passando pela ilha de Upaon-Açu em 1739 se encantou com a fonte que chamou das Pedras, construída pelos Holandeses.
No século XVIII a Fonte das pedras se encontrava em ruínas. Por ordem do governador Joaquim de Melo e Póvoas foi completamente restaurada em 1762. Foi por esta época que houve uma modificação no aspecto arquitetônico herdados dos Holandeses para exibir o frontão com biscas.
Em nova reforma tocada pelo governador Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca (1819-1822) a Fonte das Pedras ganhou o aspecto que apresenta até hoje, com suas carrancas de lioz português.
Fonte do Ribeirão
Foi o tenente-coronel D. Fernando Antônio de Noronha, português do Conselho de sua Majestade que governou o Maranhão entre 1792-1798 que mandou construir a Fonte do Ribeirão. Além de atender o bairro do Ribeirão, também abastecia todo o Largo do Carmo e áreas vizinhas.
Suas arcadas de perdas de cujas bicas jorram água cristalina há séculos, de suas galerias emanam lendas infinitas.